Pecuaristas aguardam isenção do ICMS para retomada das vendas

Sem opções de venda, produtores contam com redução para exportar para outros estados
Compartilhar no facebook
Compartilhar no twitter
Compartilhar no linkedin
Compartilhar no whatsapp

 

Mais de dez dias após a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) protocolizar a solicitação de isenção do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para o envio de gado para abate em outros estados, o governo do Estado, por meio da Secretaria de Fazenda, ainda não se posicionou oficialmente ao setor. A demanda da Acrimat atende a uma reivindicação dos pecuaristas mato-grossenses que estão sem opções de venda.

A isenção do ICMS para gado em pé, como é chamada a alíquota cobrada para o envio de animais para serem abatidos em frigoríficos de outros estados, seria uma alternativa depois que a principal indústria frigorífica em Mato Grosso deixou de pagar à vista. Desde então, produtores de algumas regiões não têm mais o direito de escolher como vender seus produtos.

A concentração empresarial no setor da carne é um problema que vem se agravando desde 2008, após a falência de algumas indústrias e a aquisição das mesmas por três grandes grupos nacionais. O produtor de Canarana e diretor da Acrimat, Marcos Jacinto, explica que há alguns anos os pecuaristas passaram a ser reféns de alguns grupos devido à falta de concorrência. Agora, além de não ter para quem vender, não existe a possibilidade de escolher como vender.

“Aqui na região do Araguaia só existe uma empresa que abate um rebanho de quase 6 milhões de animais e esta empresa, há duas semanas, não paga mais a vista. Os pequenos produtores muitas vezes não têm margem para receber depois de 30 dias e sem a isenção do ICMS não temos como vender para outros estados”, afirma Jacinto.

De Vila Rica a Barra do Garças, região da divisa entre Mato Grosso, Goiás e Tocantins com aproximadamente 800 quilômetros de extensão, existem cinco plantas frigoríficas, mas somente três em operação e todas da mesma empresa.

O presidente da Acrimat, Marco Túlio Duarte Soares, explica que a redução do ICMS, neste momento, é a única saída para os pecuaristas. “Esperamos sensibilidade do poder público com o setor que sempre produziu riquezas para o Estado e um dos responsáveis pela projeção econômica de Mato Grosso, mesmo em tempo de crise. Neste momento, é a vez do governo estender as mãos para nós”, declara Marco Túlio.

Atualmente, quando o gado é vendido para indústrias de outros estados, há um desconto de 7% da alíquota de ICMS e mais o valor do frete. Mato Grosso possui um dos menores valores de arroba, com os descontos de imposto e transporte, o preço não paga os custos de produção.

Desde que houve a operação Carne Fraca, em março deste ano, o preço do boi gordo vem despencando dia após dia. Em janeiro, a arroba do boi gordo a vista custava R$ 128,7, em média. Nesta semana, o preço chegou a R$ 120,9, baixa de 6,7% sem o desconto do Funrural, que eleva este percentual para 9%.

“O governo do Estado precisa avaliar seu posicionamento com relação à pecuária de corte. Mato Grosso tem um dos maiores custos de produção e menores preços de mercado. Se não houver uma redução de imposto, muitos produtores poderão migrar para outros estados”, afirma Jacinto.

Em São Paulo, nesta semana a arroba do boi gordo está cotada em R$ 133 à vista, na Bahia a arroba chegou a R$ 140 e no Pará R$ 121.