Pecuaristas de MT terão que investir R$ 22,8 bi para intensificar atividade

Produtores também terão que fazer a restauração florestal
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Um trabalho recém concluído aponta que, para cumprir o Código Florestal e ao mesmo tempo atender à crescente demanda por carne bovina, os pecuaristas de Mato Grosso terão de investir R$ 30,1 bilhões em 20 anos para ganhar produtividade, fazer a restauração florestal e ceder área para o plantio de grãos.

A consultoria Agroicone divulgou o estudo “Intensificação Sustentável da Pecuária de Corte em Mato Grosso”. O material calcula que, do total a ser investido, os pecuaristas do Estado terão de destinar R$ 22,8 bilhões para intensificar a pecuária (em tecnologias que elevem a produtividade), R$ 4,1 bilhões em restauração florestal e R$ 3,2 bilhões para preparar áreas que possam ser arrendadas para a atividade agrícola.

Com este cenário, a pecuária de Mato Grosso vai liberar 6 milhões de hectares que atualmente são pastagens, sendo 3 milhões de hectares para regularização ambiental e outros 3 milhões de hectares para o arrendamento de soja.

Com investimentos, a produção de carne no Estado pode sair de 1,6 milhão de toneladas em 2014 para 2,2 milhões de toneladas em 2025. Considerando os biomas separadamente, a consultoria projeta que a produção de carne bovina no bioma amazônico de Mato Grosso cresceria 33%, para 1,2 milhão de toneladas, e 42% no Cerrado, para 1 milhão de toneladas.

Coordenadora do trabalho, Leila Harfuch argumenta que “não adianta falar que dá para cumprir o Código Florestal sem olhar a questão financeira. A grande questão é que a intensificação sustentável da pecuária só é viável economicamente em propriedades rurais com escala”.

Pelo que se depreende do estudo, só é viável investir na intensificação em propriedades maiores, de cerca de 3 mil hectares. Em fazendas pequenas – com área de pastagem de 300 hectares -, o investimento para se adequar ao Código Florestal pode ter retorno negativo se o pecuarista trabalhar com ciclo completo (cria, recria e engorda), explica Leila.

Assim, para pecuaristas com área de 300 hectares, a solução seria abandonar a atividade, arrendando área da propriedade para a produção soja, reconhece Leila. Outra opção seria deixar o pasto que está degradado se regenerar em floresta. Nessa hipótese, o pecuarista poderá usar a área de floresta regenerada como uma reserva legal, em um mercado de “compensação”.

Na prática, o pecuarista oferecerá a área regenerada a produtores que ainda precisem cumprir a área de reserva legal prevista no Código Florestal. Pelas estimativas da Agroicone, o mercado de compensação pode movimentar R$ 3,58 bilhões entre os próprios pecuaristas de Mato Grosso.