Pecuaristas estão cautelosos e intenção de confinar cai 7% este ano

Mesmo com redução de custos, o mercado não tem estimulado o investimento
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As incertezas do mercado e os vestígios da Operação Carne Fraca estão influenciando na decisão dos pecuaristas sobre confinamento este ano. O primeiro levantamento aponta queda de 7% na intenção de confinar em 2017 em comparação com o mesmo período de 2016. Este ano, 701,8 mil animais devem ser confinados e em abril do ano passado a intenção era confinar 755 mil animais.

O mercado do boi gordo passa por um momento de recuperação de preços depois de uma desvalorização em consequência dos desdobramentos da Operação Carne Fraca. O preço da arroba do boi gordo está 5,4% menor neste período do ano em comparação com igual período do ano passado, passando de R$ 132,19 para R$ 124,67 à vista para desconto do Funrural. No começo de abril, o percentual de desvalorização da arroba chegou a 10%.

Os bezerros amargam queda ainda maior, o animal custava R$ 1.316,07 em média em abril de 2016 e este ano está R$ 1.116,43, 15% mais barato. Com isso, mais fêmeas estão sendo abatidas e a participação delas passou de 38,9% para 50% do total de animais.

De acordo como diretor-executivo da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, parte deste cenário é consequência dos desdobramentos da Operação Carne Fraca, que abriu portas para que as indústrias frigoríficas manipulassem o mercado para derrubar os preços. “Vemos que a operação foi utilizada pelos frigoríficos para intervenção no mercado. Mesmo sem redução nas exportações e estabilidade nas vendas internas, plantas foram fechadas temporariamente causando impacto direto no valor da arroba do boi”.

Com isso, fatores que deveriam contribuir para estimular os produtores não tiveram peso suficiente, até o momento, na tomada de decisão. A queda de 35% no preço do milho, principal insumo no cocho, e de 13% no boi magro deveria estimular o confinamento, mas as incertezas sobre o mercado futuro estão superando o baixo custo.

“Estamos vendo que mesmo com as boas condições de preços dos insumos, o pecuarista está cauteloso. A queda da arroba e a instabilidade na escala de abate estão segurando o produtor na hora de decidir”, explica Vacari.

De acordo com o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), dos 701 mil animais estimados para o confinamento, 52% já foram adquiridos, que representa cerca de 360 mil animais.

O primeiro levantamento de 2016 apontou intenção de confinar 755,5 mil animais e o resultado final foi de 615,8 mil, uma frustração de 18%. Caso a mesma proporcionalidade seja aplicada, Mato Grosso pode fechar o ano com 594 mil animais confinados.