Um ano marcado por variações no mercado da carne ocasionadas pela estiagem, alta dos custos de produção, queda no preço da arroba e até suspensão temporária das exportações. Assim foi o 2021 dos pecuaristas que se superaram e garantiram a produção de carne bovina a todo os brasileiros.
O ano começou com elevadas cotações na arroba do boi gordo e exportações que continuaram em patamares recordes até o mês de setembro, com um volume 8,87%, acima do registrado no mesmo período de 2020, de acordo com dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Um cenário satisfatório para os produtores.
No entanto, diante da confirmação do caso atípico da “vaca louca”, a China deixou de importar carne brasileira e os embarques reduziram 82,48% no comparativo da soma dos meses de outubro e novembro do ano passado ante o mesmo período de 2021. Situação que pressionou as cotações no mercado interno e ocasionou a alta volatilidade na arroba do boi.
Somados a este cenário, os desafios ocasionados pela alta nos custos de suplementação do rebanho, aquisição de animais e manutenção da pastagem também pressionaram a atividade da bovinocultura de corte, de acordo com o presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Oswaldo Ribeiro Júnior.
“Esse foi um ano de muitos desafios e dificuldades. Ainda estamos sentindo os efeitos da pandemia em toda a economia mundial, com escassez de produtos, levando ao aumento importante dos preços dos nossos insumos e, consequentemente, dos nossos custos. Enfrentamos também o terceiro ano seguido de estiagem prolongada, dificultando ainda mais nossa produção. Mas o pecuarista deve se sentir orgulhoso por produzir e não deixar faltar alimento na mesa dos brasileiros e de milhões de pessoas mundo afora”, afirmou.
E o segredo para superar um ano de muitas oscilações na atividade pecuária, segundo Oswaldo Ribeiro, foi o trabalho diário, incansável, de sol a sol. Com isso, os pecuárias conseguiram manter a produção e a oferta de carne bovina no mercado interno, além de garantir as exportações para outros compradores da proteína brasileira, como Estados Unidos e países do sudeste asiático.
“Independentemente de qualquer coisa que aconteceu, continuamos trabalhando. A pecuária não é uma atividade de especulação. Tudo o que acontece hoje, nós fizemos há 4 ou 5 anos. Os animais que foram ofertados hoje já foram programados anteriormente. Não há como especular na pecuária. Então, apesar de todos os problemas políticos, econômicos, sociais e ambientais que enfrentamos todo dia, o balanço é positivo”, disse o presidente da Acrimat.
A expectativa agora é de que o cenário se torne mais favorável ao produtor e as cotações dentro da porteira voltem a se valorizar, especialmente, em razão da retomada das exportações pela China, anunciada no último dia 15. O país asiático é um dos principais compradores da carne bovina mato-grossense.
“Há poucos dias recebemos a boa notícia de que a China suspendeu o bloqueio da nossa carne. Com isso, temos a expectativa de melhores preços e maior demanda do nosso produto. No final das contas, apesar de tudo que passamos, acreditamos que foi um ano positivo. A Acrimat se orgulha muito de poder representar essa classe que muito dignifica o país”, encerrou o presidente Oswaldo Ribeiro Júnior.