Pesquisa a favor da produtividade

Pesquisas têm ajudado a melhorar os índices de produtividade da agricultura e pecuária
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Pesquisas têm ajudado a melhorar os índices de produtividade da agricultura e pecuária. Especificamente na região do Pantanal, o uso de biotecnologias como desmama precoce e de bastões marcadores na inseminação artificial em tempo fixo (IATF), além da suplementação alimentar com progesterona, elevaram as taxas de prenhez bovina. Em alguns casos, o índice chegou a 96%, como constataram pesquisadores da Embrapa Pantanal ao investigar essas técnicas adotadas em fazendas pecuárias da região pantaneira. Os resultados foram detalhados por uma equipe de representantes da unidade de pesquisa durante ciclo de palestras em Mato Grosso, no mês passado, voltado ao desenvolvimento produtivo e sustentável da atividade pecuária no bioma.

“A escolha da biotecnologia a ser aplicada para melhorar a reprodução bovina é sempre feita em função das condições da fazenda e do produtor. Temos custos e benefícios”, diz a pesquisadora da Embrapa Pantanal, Juliana Borges. Ao abordar as principais biotecnologias usadas para aumentar o rebanho, ela explica que a desmama precoce é uma prática adaptada para as condições da região pantaneira. Desmamar precocemente os bezerros é uma alternativa para melhorar o escore corporal das fêmeas e, assim, ajudar no retorno dos animais à ciclicidade, permitindo que tenham as condições físicas necessárias para emprenhar novamente e mais cedo. Uma mudança como essa aumenta também os custos de produção, lembra a pesquisadora, já que será necessário investir em rações para suplementar a alimentação dos bezerros desmamados.

“Vimos que é preciso fazer a desmama precoce em taxas de prenhez acima de 90% para a prática ser economicamente justificável e pagar os custos de produção”, descreve. Durante experimentos realizados entre 2015 e 2016 no Pantanal, a prática de IATF, que programa a inseminação de várias fêmeas ao mesmo tempo, foi realizada com fêmeas recém paridas, todas com bezerros. Depois, as vacas iam para o repasse com os touros no final da estação de monta. Nessas condições, as taxas de prenhez ficaram em torno de 75% nos animais que não passaram pela desmama. Com a desmama precoce, a prenhez ficou em 96%.

Outra atividade que pode ser incorporada à IATF na fazenda é o uso de bastões marcadores para a avaliação do cio dos animais. Esses bastões marcam com tinta a região sacrocaudal das vacas, logo acima da cauda. Eles devem ser passados duas vezes, sempre aplicados a favor do pelo dos animais. Após alguns dias, o desgaste da tinta mostra a intensidade do cio do animal. Aquelas cuja marca desaparece em função da alta quantidade de montas são classificadas como escore 3, com cio forte. Outras cuja marca teve pouco desgaste são as de escore 2, com cio fraco. Já as fêmeas cuja marca de tinta não foi alterada e não apresentaram cio são consideradas como escore 1.

“O que o produtor pode fazer, no caso das vacas identificadas em cio forte, é usar um sêmen mais caro ou sexado porque a chance que elas têm de emprenhar é mais alta”, complementa Juliana. Nas fêmeas de cio baixo ou inexistente, a pesquisadora recomenda a aplicação do hormônio GNRH, um progestágeno que aumenta as chances de prenhez e que não precisa ser aplicado nos animais de cio forte. “Com isso, foi possível aumentar as chances de prenhez em torno de 28,5% no escore 1, que não manifestou o cio, e 9,8% no escore 2, que manifestou pouco cio”. As taxas de prenhez nesses dois escores, que estavam em 23,5% e 39,5% respectivamente, passaram para 52% e 39,5% com o uso do GNRH.

Como alternativa para aprimorar os índices da reprodução bovina também pode ser fornecida progesterona oral misturada a blocos de sal proteinado. O objetivo é utilizar essa suplementação alimentar para melhorar as condições hormonais das fêmeas. “Seis dias depois da IATF, colocamos o bloco de MGA, um progestágeno com a função de manter o corpo lúteo, que é o que mantém a prenhez, e dar um suporte intrauterino para manter essa gestação”, afirma Juliana. Com o uso do MGA na suplementação nutricional do 13o ao 18o dia após a IATF, quando o corpo lúteo está mais responsivo, a pesquisadora conta que foi possível registrar um aumento de 10% nas taxas de prenhez, passando de 48% a 58%, aproximadamente.

Essas informações foram repassadas durante o 2o Ciclo de Palestras Bioma Pantanal, realizado pela Embrapa Pantanal, Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Mato Grosso (Senar), com apoio da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) e dos sindicatos rurais de Cáceres, Poconé, Rondonópolis e Cuiabá.