Preços sobem até 30% no varejo

Reajuste é motivado pela falta do produto no mercado, em decorrência da greve dos servidores do Indea há 24 dias

Consumidores mato-grossenses estão pagando até 30% mais caro pela carne bovina nos açougues. O preço elevado é resultado da escassez do produto em razão da greve dos servidores do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea), que completa 24 dias hoje (29). O órgão é responsável pela emissão da Guia de Trânsito Animal (GTA), documento indispensável para o transporte de animais entre as fazendas e os frigoríficos. Os efeitos são sentidos no prato do consumidor, que além do arroz e do feijão, está tendo que fazer malabarismos para conseguir equilibrar as refeições diárias dentro do orçamento mensal limitado.CARNE MERCADO3

A dona de casa, Maria Penha da Silva, 55, tem percorrido no mínimo 3 mercados para saber em qual vai conseguir pagar menos pela carne. “Em alguns eu encontro aumento de 10% em outros 15% e já encontrei de 30%. É um abuso tanto aumento. Para quem é assalariado fica difícil manter o mesmo nível de consumo”, desabafa.

Mas não são apenas os consumidores que estão com dificuldades, os açougues também estão tendo que se desdobrar para garantir estoque ao mesmo tempo que explicar aos consumidores que o aumento ocorrido nos últimos 15 dias é passageiro. “Estamos tendo problemas sérios na entrega dos pedidos pelos frigoríficos. Em geral nós vendemos 5 bois, mesmo volume que pedimos ao frigorífico, mas tem chegado 1 ou meio por dia”, relata Patrícia Aparecida Félix, que é operadora de caixa em um açougue no bairro da Lixeira, em Cuiabá.

Patrícia relata que os clientes têm reclamado muito nos últimos dias tanto pelo preço elevado, quanto pela falta de produto. “A região tem vários restaurantes que compram do açougue sendo que a maior demanda é por cortes de segunda. E nessas peças o aumento chegou a 8% neste período de greve”, diz sem citar os valores pagos.

A classe A também está ficando menos abastecida. O proprietário de um açougue no bairro Dom Bosco, em Cuiabá, Clóvis Dutra, que atende ao público mais afortunado, chegou a ficar 1 dia sem filé mignon, picanha e outros cortes mais caros. Embora o aumento entre 7% e 10% não tenha afastado os clientes, as dificuldades para a manutenção na variedade de produtos levou o empresário a ter que aumentar o estoque. “Hoje conto com 5 fornecedores, que em 1 único dia, 3 ficaram sem as peças que são mais procuradas pelos clientes”, explica.

Todavia, Dutra alerta que com a chegada do período de seca tende a reduzir o número de abates, o que implica em aumento gradativo de até 4% no valor da carne por mês da temporada que deve seguir até setembro, o que tende a desequilibrar o consumo de proteína animal nos próximos meses, principalmente pelo público formado pela classe C e D.

GREVE GERAL – A situação que aflige a cadeia produtiva de proteína animal em Mato Grosso ainda não tem previsão de acabar, já que o impasse entre servidores do poder Executivo e governo do Estado não entram em acordo sobre o pagamento da Revisão Geral Anual (RGA). Contudo, o presidente do Indea, Guilherme Nolasco, explica que nesta terça-feira (28) foram distribuídas várias liminares judiciais, conquistadas pelo setor produtivo, para emissão da GTA. “Nesta terça-feira tivemos a emissão de 2,719 mil GTAs em 76 municípios. Até sexta-feira, as unidades do Indea devem estar com mais vigor”.