Pecuaristas mato-grossenses realizam a partir de segunda-feira (1°), a imunização de todo rebanho bovino e bubalino, de mamando a caducando, em todo o Estado. Pela primeira vez a etapa principal da vacinação é realizada no primeiro semestre. A transferência de novembro para maio atende a uma demanda antiga do setor produtivo.
Há mais de 20 anos o estado não tem registro de febre aftosa em seu território, mérito dos pecuaristas, entidades representantes e governo estadual que se empenham para garantir a sanidade do rebanho. Agora, Mato Grosso caminha para a obtenção do status sanitário de livre de aftosa sem vacinação, mas para isso é preciso realizar mais nove etapas da campanha de imunização para completar todos os requisitos estabelecidos pelas autoridades para eliminar qualquer possibilidade de circulação no vírus no território.
O presidente da Acrimat, Marco Túlio Duarte Soares, destaca o comprometimento de todos os produtores ao longo dos últimos anos para garantir a sanidade do rebanho e abrir portas no mercado internacional. “O pecuarista tomou para si a responsabilidade de vacinar e manter o estado livre da doença. São anos sem nenhum registro de febre aftosa, o que garante a comercialização mundial da carne produzida aqui”.
O médico veterinário e diretor-técnico da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Francisco De Sales Manzi, afirma que a vacinação de todo o rebanho é indispensável para manutenção do status sanitário do Estado de livre de aftosa com vacinação.
“Recentemente foi anunciada a retirada da vacina em 2021, mas para que isso aconteça é imprescindível a vacinação em todas as etapas para consolidar a erradicação da doença. Daqui até 2021, todas as orientações das autoridades devem ser seguidas a risca, como o pecuarista sempre fez, para só então extinguir a vacinação”, analisa Manzi.
Sobre a inversão do calendário, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e o Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea-MT) adotaram a medida a fim de atender um pedido antigo dos pecuaristas. A expectativa é que a perda de peso dos animais seja menor, ou pelo menos a recuperação mais rápida em maio. Isso porque, neste período pós-chuvas, os animais estão mais gordos e o pasto mais farto, reduzindo o impacto e facilitando a engorda depois da aplicação.
“Em novembro os animais estão vindo da entressafra, com score corporal menor e por isso o impacto do manejo e reação da vacina prejudicam mais, já que a perda de peso chega a 10%. Além disso, com a alteração a vacinação, a estação de monta realizada a partir de novembro não é prejudicada”, explica Cristiano Alvarenga, produtor rural de Vila Bela da Santíssima Trindade e proprietário de loja de produtos agropecuários.
O Indea realiza, junto com a campanha de vacinação em maio, a atualização do rebanho no Estado. Essa alteração no estoque de animais, se necessária, poderá ser feita até o final desta campanha, sem penalizações ao produtor, amparada pelo artigo 10486 da nova lei de defesa sanitária.