O projeto Fazenda Pantaneira Sustentável (FPS) tem contribuído para melhorar a eficiência e a rentabilidade, além de assegurar a proteção ambiental, das propriedades localizadas do Bioma Pantanal de Mato Grosso. O diagnóstico das propriedades e os resultados preliminares do projeto realizado neste ano foram apresentados no II Encontro de Produtores Rurais do FPS, nesta sexta-feira (26.11).
A Fazenda Pantaneira Sustentável começou em 2018 e o projeto terá duração de cinco anos, a fim de auxiliar os produtores rurais a se desenvolverem economicamente na região e de forma sustentável. Ao todo, 15 propriedades rurais são assistidas com o projeto e estão localizadas nos municípios de Poconé, Cáceres, Rondonópolis, Itiquira e Barão de Melgaço.
Para diretora da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Eloisa El Hage, o projeto é fundamental para dar assistência aos produtores rurais neste processo de garantir a sustentabilidade, demostrando ao produtor um caminho de proteger o meio ambiente mantendo a sua produtividade.
Além da Acrimat, coordenam o projeto da Fazenda Pantaneira Sustentável a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT) e a Embrapa Pantanal. O projeto também conta com a parceria do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) e Sindicatos Rurais.
“Essa parceria é um exemplo do espírito de associativismos e cooperativismo que estamos dando para nossos produtores e, assim, vamos nos fortalecendo. Esse projeto teve a união de todas essas entidades, trazendo o processo da sustentabilidade, pois sustentabilidade é um processo. Tem que se começar, não tem fim, tem o caminhar. Esse processo é o futuro, principalmente, da tradição histórica da pecuária do Pantanal. E através da tecnologia, que nós vamos confirmar esse futuro e manter a produção no Pantanal”, afirmou.
Ainda segundo a diretora, será por meio das tecnologias e conhecimentos repassados pelo projeto que será possível garantir a permanência do produtor, trazendo geração de valor, além de financeiro, para toda comunidade pantaneira que está inserida na pecuária de corte.
O projeto oferece apoio gerencial para o cálculo do custo da produção, capacitação e treinamento, consultoria da Embrapa Pantanal, implementação de tecnologias, além de orientação quanto às leis, decretos e normativas vigentes. Além disso, todas as propriedades rurais são visitadas periodicamente pelos técnicos do projeto, para fazer o levantamento das informações e orientações aos produtores conforme as particularidades de cada fazenda.
“Nós precisamos ajudar o produtor a se posicionar e responder essa demanda ambiental – e o projeto da fazenda responde a isso. Ela insere toda nossa pecuária pantaneira, que tem um valor histórico indiscutível, trazendo recursos para todo o negócio da pecuária do Pantanal. O projeto garante as ferramentas, conhecimento para o produtor se adaptar a esse momento, garantindo um futuro econômico, social e ambiental”, afirmou a diretora.
Dentre os objetivos do projeto estão os de possibilitar a regularização das propriedades, aumentar a eficiência e rentabilidade, melhorar os índices zootécnicos, capacitar funcionários, promover o manejo eficiente da pastagem nativa, além de melhorar a qualidade da vida do pantaneiro.
Já os resultados obtidos pelo projeto compreendem a melhoria da idade do primeiro parto, da taxa de prenhez, produtividade e lotação do pasto, segundo informou o responsável pelo Custo de Produção da Pecuária do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Emanuel Salgado. Ele destaca ainda que, apesar dos bons resultados, ainda há muito a ser executado.
“Estamos no meio do projeto e temos vários encaminhamentos para os próximos anos. O nosso desejo é fazer com que a produtividade seja maior, assim como a rentabilidade também e o Pantanal se desenvolva de uma forma sustentável”, disse.
Para o pecuarista pantaneiro e diretor da Acrimat, Cristovão Afonso da Silva, o projeto tem sido fundamental para demonstrar para toda a sociedade que o produtor não é o vilão quanto se trata de proteção ambiental do bioma. Pelo contrário, tem registrado dificuldades para manter a produção lucrativa.
“Ninguém preserva nenhum sistema como nós preservamos. Nós sabemos fazer. Esse trabalho da Fazenda Pantaneira é muito claro e tem que ser passado para os legisladores. Eu sei que a situação está ruim para o produtor. Ali tem um povo nativo, um costume, que está indo embora. Nós temos ativos ambientais muito grandes para receber. Estamos preservando para quem? O mundo está gritando sobre a proteção, mas ninguém vê o lado do produtor. E esse projeto, esse trabalho do Embrapa, tem demonstrado que melhorou o ambiental, a fauna, flora e produção”.