Propriedades rurais da região sul de Mato Grosso atendidas pelo projeto Fazenda Pantaneira Sustentável (FPS), pioneiro em Mato Grosso, receberam a visita dos técnicos do Sistema Famato Marcelo Nogueira (supervisor do Senar-MT) e Victor Hugo Tadano Padilha (técnico de campo) e das pesquisadoras da Embrapa Pantanal – Corumbá/Mato Grosso do Sul (MS), Suzana Sales (responsável pelas avaliações da área vegetativa), e Márcia Divina de Oliveira (responsável pelas avaliações das águas).
Nas propriedades visitadas nos municípios de Barão do Melgaço, Itiquira e Santo Antônio do Leverger foram coletadas amostras de água para análise de qualidade, avaliação da vegetação, reavaliação de coletas anteriores e aferição do software FPS. Um aplicativo do software FPS está em desenvolvimento para aprimorar os indicadores de sustentabilidade – ambiental, social e econômico do bioma Pantanal.
O software FPS, que atualmente atende 15 propriedades rurais em Mato Grosso, foi desenvolvido pela Embrapa a princípio para atender o Pantanal sul mato-grossense, entretanto, somente foi aplicado em 2019 em fazendas pantaneiras mato-grossenses, por meio da parceria entre a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT), Associação de Criadores de Mato Grosso (Acrimat) e Embrapa Pantanal.
“Por mais que o bioma seja o mesmo, o Pantanal é definido por mosaicos, ou seja, cada área do bioma tem um tipo de vegetação, cada uma na sua peculiaridade, por isso precisa da aferição do software FPS e ajustes necessários”, explicou o supervisor Marcelo Nogueira.
Durante a coleta de água, foi quantificado o volume em litros e verificada a necessidade de bebedouros para os animais. Marcelo explicou que é mensurado o consumo dos animais por dia. “Cada animal adulto consome de 70 a 80 litros por dia. Sendo assim, verificamos quantos animais têm na propriedade e assim conseguimos fazer essa quantificação para saber se existe ou não déficit de água”, esclareceu.
O Pantanal tem dois paradoxos: no período de chuva os pastos ficam alagados e no período de seca (época em que os pastos deveriam revigorar e ficar verdes) não tem água. A região está entrando para o terceiro ano de seca severa, desta forma não houve acúmulo de água.
Segundo o supervisor, os pantaneiros não tinham a prática de utilizar bebedouros, o costume era usar os olhos d’águas naturais, parecidos com represas de águas captadas pelas chuvas e enchentes. E o projeto FPS está mudando essa realidade. Os técnicos e pesquisadores da Embrapa estão recomendando que as fazendas façam perfurações de poços artesianos.
As fazendas assistidas pelo projeto já estão sentindo os benefícios. Mais de 35 poços artesianos foram perfurados, distribuídos nas quinze propriedades atendidas. “Foi identificado que a intervenção dos poços trouxe muitos benefícios para os animais. Avaliando as condições de escore corporal dos animais, as condições de carcaça e de ganho de peso têm sido bem significativas. O resultado é a soma do fornecimento de água através dos poços e a qualidade da água”, contou Marcelo.
A próxima coleta de dados, nas quinze fazendas, está prevista para 2022. O software FPS vai fazer um comparativo dos dados iniciais no primeiro ano do projeto (2019) com os novos dados.
Está previsto para novembro deste ano a visita de campo da pesquisadora Sandra Santos, responsável pelas áreas de pastagem.