Queixada fora do bando é comida de onça!

Francisco Manzi: associativismo é importante para enfrentar as batalhas do dia a dia
Compartilhar no facebook
Compartilhar no twitter
Compartilhar no linkedin
Compartilhar no whatsapp

Essa é uma frase muito comum no meio rural que destaca a importância da união das classes e do associativismo para enfrentar as batalhas do dia a dia. O dito faz uma alusão ao queixada, um porco selvagem que chega a constituir um grupo de até 300 indivíduos, seja para caçar ou para se defender. Há relatos de que colocam onças e outros predadores para correr graças à união.

Os brasileiros, em geral, não se utilizam da força do associativismo na hora de defender interesses comuns, como pode ser conferido em cenas cotidianas como reuniões de condomínio.

A notícia boa é que que essa consciência está mudando. Todos presenciamos a manifestação dos caminhoneiros e a força que demonstraram com a paralisação do setor. Em menos de dez dias pararam o país, sensibilizaram pessoas do campo e da cidade e chegaram ao Palácio do Planalto.

Outros exemplos também podem ser vistos em instituições que representam o agronegócio, sobretudo as associações de produtores e de empresas do setor.

Mato Grosso, sempre destaque do agronegócio, tem conseguido ser exemplar também nesse quesito. As associações são fortes e cada vez mais têm conseguido se fazer representar. Podemos citar algumas entidades que se tornaram referência em associativismo, como a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) na pecuária de corte, Aprosoja na soja e milho, Ampa no algodão, Aproleite nos lácteos, Adefloresta na madeira, Acrismat nos suínos, tudo isso sem contar com as associações de raças como a ACNMT, destaque na raça nelore.

Os exemplos mato-grossenses têm irradiado. No Pará, estado vizinho, a criação da Acripará foi espelhada no exemplo da Acrimat e ainda temos outras entidades surgindo com a união de produtores com interesses afins e que estão fazendo pools de compra de insumos e venda de animais como o GPB – Grupo dos Pecuaristas do Brasil, idealizado pelo pecuarista e advogado Oswaldo Furlan.

Essa representatividade faz com que essas instituições sejam consultadas e deem seu parecer em assuntos os mais diversos ligados ao agro. Como foi visto durante a recente paralisação dos caminhoneiros, o boicote ao embarque de animais vivos, surtos de febre aftosa na Colômbia ou até sobre o consumo de carne dentro e fora do país. Além de porta-vozes, as entidades se tornam fontes de credibilidade para imprensa e sociedade como um todo.

E não fica só nisso. A Acrimat, por exemplo, tem assento em mais de 40 instituições que vão desde a Câmara de Política e Crédito Rural, por onde todos os projetos de captação de recursos do FCO (Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste) passam, a Jari (Junta Administrativa de Recursos de Infrações do Indea, órgão de defesa do estado de Mato Grosso), até na representação do Brasil na Aliança Internacional da Carne Bovina, entidade que representa sete países produtores responsáveis por mais de 50% das exportações de proteína vermelha.

Esses exemplos têm que ser seguidos em todas as esferas, tanto do agronegócio como nas outras entidades da sociedade civil. Quem sabe com esse espírito de união, participação e interesse coletivo não consigamos já a partir das próximas eleições sermos representados por políticos que também tenham essa meta.