Retração na demanda reduz preço no varejo

Em Cuiabá, 3 dos 4 cortes de carne bovina cotados pelo Imea tiveram redução mensal de preço no atacado
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Redução no consumo da carne bovina nesta época do ano, em função da Quaresma, pressiona os preços no varejo. Em fevereiro, a maioria dos cortes ficaram mais baratos para o consumidor final em comparação com janeiro, se gundo pesquisa mensal realizada pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), divulgada esta semana. Dos 16 cortes cotados nos açougues de Cuiabá, 10 tiveram redução de preços. Em média, o quilo do pro- duto apresentou queda de 1,36% de janeiro para fevereiro.

Entre as opções que ficaram mais em conta ao consumidor cuiabano destacam-se a costela bovina (-9,39%), a picanha (-6,14%), o contrafilé (-4,39%) e o coxão duro (-4,30%). O quilo desses itens esteve cotado respectivamente a R$ 11,23, R$ 36,22, R$ 26,82 e 20,67 no mês passado. Morador de um bairro periférico de Cuiabá, João Rodrigues, 71, compra carne no açougue e não no supermercado e se preocupa em comparar os preços entre os estabelecimentos. Na percepção dele, os cortes de 2a estão mais acessíveis. “Compro mais paleta e costela. Reparei que os preços reduziram, mas pouco. E tem diferença (de valores) entre os açougues”.

De acordo com os analistas do Imea, a abstenção do consumo de carne vermelha no período de 14 de fevereiro a 29 de março, quando se celebra a Quaresma, eleva a oferta no mercado interno e isso pressiona os preços do produto.  “Pelo fato de o Brasil ter uma população predominantemente cristã, tal processo acaba gerando reflexos diretos no mercado cárneo, dificultando o escoamento da carne bovina nas gôndolas dos supermercados e consequente- mente afetando o preço do boi gordo”, comentam os analistas.

Outro fator que interfere nas vendas de carne bovina no varejo é o barateamento da carne de frango, decorrente do aumento da oferta interna com o fechamento do mercado russo para o produto, afirma o vice-presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas de Mato Grosso (Sindifrigo/MT), Paulo Bellincanta. “Hoje é possível encontrar coxa de frango a R$ 3 o quilo. Esses valores mais atraentes do frango concorrem para uma pressão de baixa no preço da carne bovina”. Segundo ele, os cortes de carne bovina estão com tendência mais forte de queda nos preços.

Impacto

Apesar da ligeira queda nos preços da proteína animal no varejo, o consumo mensal de 6,6 quilos de carne bovina impactou em R$ 123,09 o orçamento do consumidor cuiabano no último  mês, segundo o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O valor representou 31% do valor da cesta básica em Cuiabá em fevereiro, quando alcançou o valor de R$ 395,03.