Risco de atraso preocupa o setor

Atraso na liberação de créditos oficiais à agropecuária é preocupante porque pode comprometer todo o planejamento da próxima safra de grãos e a pecuária de corte
Compartilhar no facebook
Compartilhar no twitter
Compartilhar no linkedin
Compartilhar no whatsapp

A liberação de recursos oficiais para a safra 2017/2018 corre o risco de atrasar. A afirmação é do ministro interino da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Eumar Novacki. Anualmente, o crédito oficial começa a ser captado pelos produtores rurais a partir de 1º de julho, mas ainda não há data definida para iniciar as contratações. “Tão logo consigamos fechar, será anunciado pelo presidente da República (Michel Temer)”. Novacki admite que a nova crise política instaurada no país com a delação dos proprietários do grupo JBS e que envolve diretamente o presidente Temer “atrapalha um pouco” o andamento das discussões em torno do Plano Agrícola e Pecuário (PAP). “Falo das reformas, do Plano Safra, mas a agricultura e a pecuária estão acima dessas questões paroquiais”.

Novacki esteve em Mato Grosso nesta segunda-feira (22) para entrega de 835 kits de sistemas de irrigação para a agricultura familiar, na sede da superintendência do Mapa, em Várzea Grande. Disse que estão sendo feitos os ajustes finais no PAP junto ao Ministério da Fazenda. Nas reuniões serão definidos o montante a ser disponibilizado, a taxa de juros a ser praticada e os procedimentos de acesso ao crédito. “Não adianta ter dinheiro e a burocracia ser tão grande que não se consegue acessar, como acontecia no passado”, compara. “Estamos trabalhando esses eixos: recursos abundantes, juros baixos e acesso facilitado”.

De acordo com o ministro interino, já está comprovado que a cada R$ 1 investido na agropecuária, entre R$ 5 e R$ 6 retornam à economia do país. “É investimento que reverte para o crescimento econômico”. Novacki afirma que há bons projetos no ministério que visam propiciar o crescimento da atividade agropecuária. “Para nós não vale a máxima que se o governo não atrapalha, já ajuda muito. Queremos estimular a produção. A agricultura e a pecuária são os grandes negócios”.

Na opinião do diretor executivo da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, o atraso na liberação de créditos oficiais à agropecuária é preocupante porque pode comprometer todo o planejamento da próxima safra de grãos e a pecuária de corte. “O Mapa precisa garantir os recursos necessários para o principal setor da economia brasileira, responsável por segurar o país em seu pior momento”, diz ao acrescentar que se não fosse a exportação do agronegócio, o Brasil estaria em uma crise ainda pior.

O pecuarista Marcos Jacinto acrescenta que os recursos para agricultura e pecuária têm hora certa para acontecer. “Não adianta liberar em outubro se a hora de comprar os insumos é agora. O Brasil precisa voltar seus olhos para o campo e buscar fortalecer o setor”.

Captação

Entre os meses de julho de 2016 e abril de 2017, ou seja, a pouco mais de um mês para o encerramento da safra 2016/2017, os produtores de Mato Grosso emprestaram R$ 12,128 bilhões em crédito oficial. A quantia, informada pelo Mapa, representa 11,6% dos R$ 104,5 bilhões contratados por agricultores e pecuaristas em todo o Brasil no período. Para o atual ano safra estão programados R$ 183,850 bilhões.