Sem agrotóxicos o mundo morreria de fome, diz autor de livro

Hoje em Brasília o debate sobre uma nova lei de defensivos tenta avançar em mais um encontro da Comissão Especial da Câmera dos Deputados que trata do tema
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Hoje em Brasília o debate sobre uma nova lei de defensivos tenta avançar em mais um encontro da Comissão Especial da Câmera dos Deputados que trata do tema. Pelo país, especialistas como o jornalista Nicholas Vital, autor do livro com o curioso título ‘Agradeça aos agrotóxicos por estar vivo’, explicam mitos e verdades sobre o uso desses produtos na agricultura brasileira.

O Nicholas é o autor do livro “Agradeça aos agrotóxicos por estar vivo”. Vamos entender porque o Nicholas resolveu escrever sobre esse tema. Qual foi a sua motivação?

A ideia desse livro é justamente equilibrar esse debate, hoje muito desequilibrado, entre alimentos orgânicos e agroquímicos. Enquanto os orgânicos são vistos como uma maravilha que vão salvar o mundo, os agroquímicos são vistos como a pior coisa do mundo e não é bem assim.

As pessoas que estão na lida do campo no dia a dia sabem que os agroquímicos são insumos fundamentais para o bom andamento da produção, evitando o ataque de pragas. Enfim, eles sabem que se forem usados conforme a recomendação não causam mal algum.

Então, a ideia do livro é mostrar a importância e o desenvolvimento do agronegócio brasileiro após a introdução de tecnologia, não apenas nos agroquímicos, mas também com os fertilizantes e sementes modificadas, além da mecanização, para que o consumidor entenda o outro lado dessa história e tome suas decisões baseadas em ciência e conhecimento, não apenas nesse marketing do medo, como eu costumo me chamar.

Você disse que não causam mal nenhum. Recentemente, nessa discussão, muitas celebridades estão nas redes sociais se colocando contra a votação de projeto de lei que chamaram de “Lei do veneno”. De fato, há estudos científicos que comprovam que aqui no Brasil nós não estamos vulneráveis a uma grande quantidade de agrotóxicos usados em nossos alimentos?

Você disse bem. Essa campanha é liderada por celebridades, não por cientistas, pesquisadores, pessoas da área (…). A gente tem um problema no Brasil que é de uso indiscriminado, uso incorreto, isso sim pode causar problema.

Agora, desde que seguidas as recomendações, utilizando na quantidade certa e aguardando o período de carência antes da colheita, não há mal algum. A prova disso é que a gente vem usando esses produtos há mais de 50 anos e não viu nenhum surto de câncer, como essas pessoas pregam por aí. O que a gente vê são as pessoas vivendo mais e melhor e os números oficiais mostram que esse discurso não passa de uma falácia.

Você acredita que há um uso indiscriminado no Brasil. Por que essa prática ainda persiste?

Isso  é um grande problema. Eu costumo dizer que o agrotóxico não faz mal, mas o que faz muito mal é o uso incorreto deles, porque a gente tem que lembrar que são produtos químicos regulados. Se usados incorretamente podem causar problemas tanto para produtor, quanto para o consumidor final.

Isso é causado por um  problema de educação que, infelizmente, temos no Brasil. A gente tem que lembrar que muitos agricultores não sabem o que é ler e escrever e não podemos exigir que essas pessoas leiam a bula, interpretem e as quantidades corretas e saibam aplicar, por exemplo, com o bico mais adequado. Então, eu acho que a gente deveria estar brigando por mais assistência técnica no campo, mais educação no campo e não pelo banimento de tecnologias tão importantes.

Na sua opinião, os agrotóxicos não causam mal. Porém, há várias correntes que dizem que são eles os vilões e causadores do câncer, isso aparece em seu livro?

Aparece. Mais uma vez, todos eles vêm sendo utilizados há muito tempo. Então, já teria tempo para sabermos se eles realmente causam problemas ou não e isso nunca foi identificado.

A agroquímica é como se fosse o remédio das plantas. Da mesma maneira que ingerimos os remédios, as plantas também absorvem os produtos e conseguem degradar e eliminar esses produtos. Então, essa questão do câncer é muito mais complexa. Os humanos estão expostos à essas substâncias cancerígenas o tempo todo. Quando a gente respira a gente está inalando monóxido de carbono e quando a gente bebe água, acaba bebendo resíduo de chumbo ou de mercúrio. Não é legal, mas o nosso corpo está preparado para absorver isso e para expelir isso. E se, eventualmente, causar câncer é todo esse pacote, não é só o resíduo do agroquímico.

Você acha necessária a criação de uma  nova lei de defensivos no Brasil? Qual é o principal argumento que você defende neste assunto?

A lei é de 1989 e ela está defasada. Assim como o mundo mudou, as tecnologias também avançaram e a lei ficou para trás. O que eu acho muito engraçado é que as mesmas pessoas que hoje criticam a nova lei são as pessoas que criticam o Brasil pelo uso de produtos mais antigos.

Então, não dá para a pessoa ser contra o uso de produtos antigos e também ser contra uma lei que agiliza o processo regulatório, agiliza aprovação de novas moléculas, que ao contrário do que dizem não vai colocar mais veneno no nosso prato e sim trazer produtos mais modernos para o campo, como os que já são utilizados no exterior, para que o Brasil possa competir em pé de igualdade com nossos competidores internacionais.

Você disse que a aprovação de uma nova lei de defensivos não vai resultar em mais veneno no prato do brasileiro como algumas propagandas da internet têm dito. Qual é o principal mito sobre o uso de agrotóxicos no Brasil?

A gente sempre lembra que o produtor não usa os agroquímicos porque ele quer e sim porque ele precisa. O sonho dourado dele seria não usar, pois economizaria na hora do plantio, da produção e ainda venderia com um prêmio. Temos alguns mitos sobre os defensivos, como o de que  o brasileiro ingere 5,2 litros de agrotóxicos por ano, o que é uma grande besteira, que na verdade foi retirada de um valor estimado de 1 bilhão de litros vendidos e dividiram pela população da época, que era de 192 milhões. Isso, evidentemente, permite dizer também que cada brasileiro fuma 400 cigarros por ano. O que é uma grande besteira.