Mato Grosso tem mais de 1,5 milhão de hectares de pastagens relegadas a más condições de produção. A situação, mapeada por órgãos oficiais, não se trata de simples fragilidade na pecuária. Também pode ser encarada como uma grande oportunidade de recuperação de áreas com foco na ampliação da renda na atividade, sem que novas áreas sejam abertas.
De acordo com a Embrapa, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, melhorar as pastagens ajuda a aumentar em até 22% a taxa de desfrute dos rebanhos bovinos de corte.
Ampliar a conversão do pasto em mais arrobas de boi gordo passa, dessa forma, pela incorporação de uma técnica consagrada na agricultura, mas que carece ser mais amplamente difundida na pecuária: a aplicação de calcário associada à adubação e boas práticas de manejo/gestão, como aliada da produtividade.
Dados do Censo Agropecuário de 2017, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), apontam que dos mais de 5 milhões de estabelecimentos agropecuários brasileiros, cerca de 523 mil possuem pastagens plantadas em más condições.
Em números absolutos, o status negativo nos parâmetros de qualidade correspondem a 11,8 milhões de hectares. No universo total de propriedades, também aponta o levantamento, mais da metade (58%) não fazem adubação.
“O que se vê, grosso modo, é ainda certa resistência na incorporação desse conhecimento técnico-científico na atividade pecuária. Sabemos que isso implica em custos financeiros, mas é fundamental que esses custos sejam encarados como investimento que se transforma em mais lucratividade. Adubar e calcarear os solos ocupados pelas pastagens é investir numa pecuária de maior performance”, destaca Milton Ferreira de Moraes, Doutor Fertilidade do Solo e Adubação pela USP e professor/pesquisador da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).