O vice-presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), o pecuarista Amarildo Merotti ganhou fama por produzir água em suas propriedades no município de Cáceres, em Mato Grosso. No entanto, mesmo um expert nesse quesito não tem como vencer a própria natureza: a falta de chuvas ou chuvas irregulares tem feito o produtor até repensar seu rebanho. O fato é que a situação de pecuaristas como Merotti pode ficar crítica, pois o solo deve ficar ainda mais seco nos próximos dias.
Maior produtor de bovinos no País e com rebanho de cerca de 31 milhões de animais, o Estado do Mato Grosso foi surpreendido semanas atrás com chuvas fortes e bem localizadas na porção norte. O mesmo não se pode dizer da porção sul, que vem sofrendo com o baixo índice de umidade do solo.
“A tendência, ao longo dos próximos cinco dias, é de uma redução de, pelo menos, 10 pontos percentuais nos níveis de água disponíveis no solo, devido ao retorno do tempo seco na região sul de Mato Grosso”, explica a meteorologista Dóris Palma, da Somar Meteorologia.
Segundo a especialista, as próximas precipitações ficarão concentradas sobre áreas da faixa norte e oeste do Estado, mas ainda sem expectativa para grandes acumulados (veja as previsões nos mapas abaixo).
Na fazenda de Amarildo Merotti, por exemplo, o termômetro é uma lagoa que ocupa uma área de cerca de 15 hectares numa das áreas de pasto. O normal é ela sempre estar cheia nessa época, mas, atualmente, está praticamente seca.
“O gado facilmente atravessa essa lagoa. Ela é o nosso indicativo. Se está seca é porque falta água no solo”, diz Amarildo, que trabalha com recria e engorda em sua fazenda em Cáceres.
Amarildo tem feito de tudo para não deixar faltar água para o gado e tem investido em bebedouros. De acordo com o pecuarista mato-grossense, a produção deve cair 20%, saindo de 12 mil para 10 mil animais.
Panorama das chuvas em MT
De acordo com a meteorologista da Somar, nos últimos 7 dias, a chuva mais expressiva ficou concentrada em áreas da região norte e nordeste do Estado, com acumulados que ultrapassaram a casa dos 50 milímetros em diversas áreas. Atualmente, os níveis de água disponíveis no solo se encontram mais elevados justamente sobre estas regiões, variando entre 80% a 90%.
Por outro lado, áreas da região sul mato-grossense receberam chuva mais irregular e mal distribuída e, por isso, o solo se encontra relativamente mais seco, com percentual variando entre 20% a 40%.
No entanto, a avaliação da especialista é de um prospecto futuro menos desastroso, pois a partir da segunda quinzena de abril, há previsão para acumulados de chuva mais elevados justamente sobre áreas do sul de Mato Grosso, ajudando em uma reposição destes níveis.
“Acumulados de até 50 milímetros são esperados, e uma chuva mais modesta pode cair sobre as demais regiões, mas não há previsão para um corte total da chuva sobre a faixa norte e oeste até o momento”, diz Palma.
As informações são da Revista DBO