Técnica traz benefício ao rebanho

Mato Grosso acomoda o maior rebanho bovino do Brasil criado quase exclusivamente em sistema de pastejo, intensivo ou rotacionado.
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Mato Grosso acomoda o maior rebanho bovino do Brasil criado quase exclusivamente em sistema de pastejo, intensivo ou rotacionado. Por isso, manter a qualidade das pastagens é um dos segredos para gerar renda e tornar a atividade pecuária mais competitiva. Uma das ferramentas auxiliares disponíveis aos pecuaristas é a adubação foliar. Pesquisa científica comprova a eficácia dessa técnica agrícola no curto prazo, em apenas um ciclo produtivo.

Nos últimos 20 anos, muitos avanços têm sido registrados no melhoramento genético dos bovinos de corte e leite, mas pouco tem se investido na qualidade da pastagem. E quanto mais vigorosa ela se desenvolver, maior será a resposta dos animais em termos de produção.

A adubação de base busca corrigir a fertilidade da terra, principalmente quanto a possíveis carências de nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K). A adubação foliar, por sua vez, procura compensar a deficiência de micronutrientes como zinco (Zn), manganês (Mn), boro (B) e molibidênio (Mo), elementos essenciais ao desenvolvimento da planta.

“A quantidade de nutrientes em cada uma delas também é diferente. Dois litros de fertilizante foliar que contenham 20% de nitrogênio renderiam 400 gramas do nutriente por hectare, enquanto 100 quilos de ureia equivaleria a 45 kg de nitrogênio na mesma área. Do ponto de vista químico é impossível substituir”, adverte o professor da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Leandro Martins Barbero. O acadêmico lidera o Grupo de Pesquisa em Forragicultura (Gepfor) da UFU, que conduziu um estudo inédito para estimular o crescimento do pasto durante o período seco, algo que não acontece naturalmente, além de melhorar o rebrote no início das chuvas.

A pesquisa foi realizada durante um ano com duas coletas, sendo uma no início da seca e outra no começo do período chuvoso. Quatro tratamentos comparativos foram testados, sendo um de controle (sem aplicação de qualquer adubo), um com adubo de ureia (110 kg/ha) em aplicação única, outro com aplicação única, mas que recebeu apenas 2l/ ha de adubo foliar à base de óleo essencial de casca de laranja e um onde foi utilizado tanto ureia (110kg/ha) quanto adubo foliar, na proporção de 2l/ha. “O pasto controle apresentou o pior resultado, ao ponto que aquele submetido ao tratamento associando ureia e adubação foliar foi o que proporcionou maior produção de forragem”, constatou Barbero.

Segundo ele, o adubo foliar potencializou o efeito do nitrogênio contido na ureia. Tal fenômeno pode ser explicado pela lei do mínimo de Liebig, explica o acadêmico. Nesse caso, a deficiência de um ou mais nutrientes impede a ação dos demais. No caso da pesquisa da UFU, mesmo com nitrogênio suficiente, a produção de forragem estava sendo limitada pela carência de micronutrientes do capim. O pasto controle produziu somente 1,6 tonelada de matéria seca (MS) por hectare. Com o fertilizante foliar misto sozinho atingiu 2,4/t e quando adicionado o composto ureia e fertilizante foliar gerou quase 3,5/t.

A pesquisa também identificou efeito residual da aplicação dos produtos no rebrote da pastagem, no início da estação das águas, em outubro, com o melhor desenvolvimento da planta, em especial do sistema radicular. O resultado foi a produção de 1/t de matéria seca no controle e 1,6/t no composto ureia com fertilizante foliar.