Ultrassom é nova técnica usada pelos pecuaristas

Aliado da medicina diagnóstica no mundo todo há quase 1 século, o ultrassom também passou a ser empregado na pecuária
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Aliado da medicina diagnóstica no mundo todo há quase 1 século, o ultrassom também passou a ser empregado na pecuária. Em Mato Grosso, a técnica conquista cada vez mais adeptos. O motivo é a precisão na análise das condições genéticas dos animais, que permite melhorar o rebanho e aumentar a produtividade e qualidade da carne.

Entre os pecuaristas que estão na vanguarda de utilização do sistema está o presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Marco Túlio Duarte Soares. Proprietário da Estância Celeiro em Rondonópolis e que coloca no mercado os produtos da marca Celeiro Carnes Especiais, ele explica que passou a investir na técnica há 3 anos para potencializar o ganho genético do rebanho. Deu tão certo que agora lançará uma linha de carne nelore com marmoreio. “Só foi possível lançar essa linha através da multiplicação e averiguação da qualidade genética dos animais via ultrassonografia”.

As avaliações são feitas por empresas franqueadas de um software americano, empregado no diagnóstico por imagem. A empresa de Marco Túlio já trabalha com linha de carne de qualidade das raças nelore e angus. Segundo ele, o ultrassom permite avaliar a musculosidade do animal, o acabamento de gordura e o grau de marmorização, que é a gordura entremeada na carne.

Tecnicamente falando, é checado em cada bovino a área de olho-de-lombo/AOL, a espessura de gordura subcutânea (EGS) e marmoreio (MAR). Com base nessa avaliação, o proprietário da Estância Celeiro separa as matrizes e realiza a transferência de embriões para fertilização in vitro. Dessa forma, consegue aumentar o volume de animais com essas características superiores. “O resultado é fantástico”, comemora.

Outra adepta da técnica de avaliação via ultrassonografia é a pecuarista Elisa Nishimura Aguiar. Desde que passou a recorrer ao diagnóstico por imagem do rebanho, há 6 anos, o ganho de peso dos bovinos aumentou em 28%. Saltou de uma média de 330 kg por animal em 2013 para 423 kg por bovino atualmente. Elisa explica que os exames são empregados para direcionar o acasalamento do gado puro de origem (P.O.) que mantém nas fazendas Aurora e Araponga.

Com a reprodução direcionada é possível potencializar o AOL, diminuir o tempo de terminação, aumentar gordura mais rapidamente e melhorar a qualidade da carne com mais marmoreio. Os animais são avaliados na idade de 15 meses, quando se consegue fazer comparativos para efeito de programa de melhoramento genético. Os pecuaristas que mantêm engorda intensiva do rebanho e visam a avaliação para abate submetem os bovinos à ultrassonografia tão logo os animais ingressam no confinamento. Assim padronizam o rebanho e regulam o tempo de confinamento. Consequentemente obterão uma remuneração maior no preço da arroba e um valor maior pela qualidade da carne.

Na opinião da pecuarista, o ultrassom pode ser usado na pecuária em geral. “Claro que os pecuaristas maiores acabam tendo um ganho de escala, mas todos que ti- verem interesse podem usar e com certeza vão colher frutos deste investimento”, pondera. Proprietária da Pecus, empresa prestadora do serviço de ultrassom de bovinos em Sinop, Ana Elisa Bardi, explica que trabalha há mais de 10 anos junto com o marido e médico veterinário Matheus Silva Vieira com a técnica de avaliação. A Pecus surgiu em Campo Grande (MS), em 2009. A demanda direcionou a mudança da empresa para Sinop 3 anos depois. “Atuamos em todo o Mato Grosso, além de Mato Grosso do Sul, Tocantins e Rondônia”. Com o uso da tecnologia, o casal checa carcaça de bovinos de corte para melhoramento genético de gado P.O. de todas as raças, bem como para confinamento, semi confinamento e seleção de gado comercial.

Bardi explica que a demanda pelo serviço é alta e progressiva. Com o conhecimento da técnica, os pecuaristas que se profissionalizaram na atividade recorrem cada vez mais à ultrassonagrafia de carcaça. “Na atualidade se faz uma pecuária de precisão para atingir altos níveis produtivos e econômicos, proporcionando maior lucratividade da atividade, através da produção de carne de crescente qualidade. O resultado é a garantia de animais jovens, pesados, com acabamento e também com marmoreio da carne”. Em termos práticos significa melhoramento genético para bezerros com maior potencial de ganho de peso médio diário e produção de carne, redução da idade ao abate e maior valor agregado à carne, pela suculência e sabor.