Uso de resíduos agrícolas na dieta bovina reduz consumo de água

Segundo pesquisadores, a economia é de 33 litros por quilo de carne produzido; e o melhor: sem afetar o desempenho dos animais
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A utilização de resíduos da agricultura na alimentação do gado confinado reduz o consumo de água em até 33 litros por quilo de carne produzida, concluíram pesquisadores da Embrapa Pecuária Sudeste (SP). Foram testadas duas dietas diferentes: convencional e substituição total por coprodutos.

De acordo com o pesquisador da Embrapa Julio Palhares, a troca promoveu a redução do valor da pegada hídrica total — soma da água consumida diretamente pelo animal e na produção dos grãos usados na ração. Enquanto na dieta convencional a pegada foi de 1.688 litros por quilo de carne, na alimentação com coprodutos, foi de 1.655 litros, uma redução de cerca de 2%.

Além de promover melhor eficiência hídrica, a utilização de alimentos alternativos manteve o desempenho dos animais. Para a zootecnista Marcela Morelli, responsável pela pesquisa juntamente com Palhares, o manejo nutricional adequado é relevante já que a dieta representa entre 60% e 80% dos custos de produção na propriedade. No entanto, para substituir ingredientes convencionais por resíduos agrícolas deve-se observar a disponibilidade comercial, a qualidade nutricional, a proximidade e a oferta.

A pesquisa foi realizada no confinamento da fazenda Canchim, sede da Embrapa Pecuária Sudeste. Foram utilizados 52 machos nelore divididos em dois grupos. As duas intervenções avaliadas foram: dieta convencional, composta por silagem de milho, concentrado de milho e farelo de soja, e dieta com coprodutos, à base de silagem de milho e concentrado de gérmen de milho gordo, polpa cítrica e casca de amendoim.

Durante o confinamento, a alimentação foi balanceada e ajustada para as exigências de ganho de peso dos animais de acordo com as fases de adaptação, crescimento e terminação.

“Os resultados demonstram que é possível formular dietas com coprodutos em substituição total aos ingredientes convencionais e ter impactos positivos na melhoria da eficiência hídrica da carne e ainda manter os níveis de desempenho animal. Outro ponto positivo é o fato de se converter um coproduto em um produto nobre, a carne bovina”, destaca Marcela Morelli.