Chamar a atenção para a necessidade de combater a brucelose, doença que causa diversos problemas reprodutivos em 5,1% das fêmeas com mais de 24 meses de idade do rebanho mato-grossense. Com esse propósito, a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) participou de ação voltada para o reforço da vacinação destes animais, com a amostra RB 51.
A RB 51 pode ser usada em fêmeas bovinas com idade acima de 8 meses, e fêmeas adultas não reagentes à doença em estabelecimentos de criação com focos de brucelose, e em casos de vacinação estratégica.
Realizada na sede da Embrapa Agrossilvipastoril, em Sinop, a ação objetiva alertar os produtores para os problemas causados pela brucelose. Diminuição dos índices de prenhez no rebanho, retenção placentária, repetição do cio, aumento do intervalo entre partos, infertilidade temporária ou permanente e abortos são alguns dos casos que geram impacto econômico negativo nas propriedades.
“A brucelose, causada pela bactéria brucella abortus, é uma doença reprodutiva que resulta em prejuízos a bovinocultura de corte e de leite, já que causa abortos no terço final de gestação, além de nascimento de bezerros que nascem e morrem em até 24 horas; retenção de placenta, que acaba causando pus e infecção uterina, o que pode levar à infertilidade temporária ou permanente das fêmeas”, explica o diretor técnico da Acrimat, Francisco Manzi.
A zoonose tem uma prevalência três vezes maior, em média, nas propriedades de corte e surge com mais frequência em propriedades com quantidade acima de 200 matrizes. O cenário incomoda o setor produtivo, que tem se unido na divulgação de estratégias que possam minimizar os casos de brucelose até a sua total erradicação. Uma delas é o reforço da proteção do rebanho.
“Durante muitos anos foi recomendado que o produtor vacinasse as bezerras de 3 a 8 meses de idade em dose única na vida do animal com a vacina B19. Nós conseguimos, com isso, reduzir significativamente a prevalência da doença no nosso estado. Só que pelas análises estatísticas, foi calculado que se utilizássemos apenas esta técnica, iríamos demorar muitos anos ainda para a tão sonhada erradicação da doença. Então, o que nós estamos preconizando é que o produtor revacine as bezerras, faça uma dose de reforço agora com uma outra vacina que se chama RB51 em novilhas um pouco antes da reprodução”, disse Manzi em entrevista dada ao Canal Rural.
O diretor regional da Acrimat em Sinop, Wilson Martinelli, reforçou a comunicação aos pecuaristas sobre os cuidados a serem tomados, e disse que é de suma importância fazer uso de todas as ferramentas disponíveis para erradicar a brucelose. “Fazer uso da B19 e agora, da RB 51, é mais uma forma do produtor proteger seu rebanho desse mal, que causa prejuízos demasiados a nossa economia”.
Martinelli espera que a ação mostre ao pecuarista que a vacina B19 não deve ser utilizado como único recurso no combate à doença. “Temos que ter a consciência de que qualquer expediente disponível, como essa nova vacina, deve ser usado no combate a brucelose”.
A chefe do Serviço de Fiscalização de Insumos e Saúde Animal do Ministério da Agricultura, Janice Elena Ioris Barddal e o presidente do Instituto de Defesa Agropecuária (Indea/MT), Tadeu Mocelin, participaram do evento, que contou também com a presença de representantes da Federação da Agricultura e Pecuária (Famato), do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV), e do Fundo Emergencial de Saúde Animal (Fesa-MT).