VBP é maior dos últimos 10 anos

Em 2018, o volume vai chegar a R$ 87,512 bilhões em Mato Grosso, porém 63% dos produtos cultivados apresentam retração
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O valor bruto da produção agropecuária (VBP) de Mato Grosso será o maior dos últimos 10 anos em 2018, chegando a R$ 87,512 bilhões. No entanto, o crescimento da receita é apenas para algumas culturas. Dos 22 produtos cultivados no Estado que são levantados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), 14 (63%) apresentam retração na estimativa do VBP. Somados, esses 14 produtos perderam receita equivalente a R$ 1,688 bilhão apenas em 1 ano entre 2017 e 2018. Dois dos que retraíram formam o combinado mais famoso do prato brasileiro, arroz e feijão. A queda é puxada por baixa na demanda e produção.

Alguns produtos acumulam perda de rentabilidade há mais de 1 ano, segundo a estimativa do Mapa. O arroz, por exemplo, tem a menor receita dos últimos 10 anos em Mato Grosso. Em 2018, o produto irá capitalizar cerca de R$ 356,471 milhões. Patamar parecido foi alcançado apenas em 2012, quando chegou a R$ 392,017 milhões.

O feijão registra o menor valor desde 2011. Em 2018, a cultura está estimada em R$ 514,551 milhões, com retração de 38% perante o ano passado, quando atingiu R$ 834,308 milhões. Patamar similar foi registrado pela última vez em 2011, quando a produção somou R$ 509,901 milhões.

De acordo com Sérgio Roberto Santos Junior, gerente de fibras e alimentos básicos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a retração nesses produtos é influenciada pela redução de demanda. No caso do arroz, ele pontua que o cereal teve valor abaixo do preço mínimo no 1o semestre do ano, quando a saca era cotada a R$ 35,49 em média. A retração foi impactada pela projeção de crescimento na produção de arroz a nível mundial e nacional. A perda na rentabilidade levou o governo federal, por meio da Conab, a realizar ações de apoio aos produtores, por meio dos prêmios Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro) e Prêmio para Escoamento de Produto (PEP). No 2o semestre a expectativa de crescimento da produção não se concretizou e os preços valorizaram novamente. A média hoje é de R$ 43,27/saca.

“Essa expectativa de estoque alto gerou tendência de queda nos preços desde o 2o semestre de 2017. Mas a safra nacional foi colhida de janeiro a abril, o que demonstrou manutenção no volume de produção. Mas no 2o semestre houve valorização do arroz, até mesmo em função do dólar. Hoje o mercado já está operando em preços mais elevados que no 1o semestre”, avalia.

Em Mato Grosso, o arroz está cotado a R$ 47,44/saca e há 12 meses era de R$ 40,56. A produção de 2017/2018 foi de 490,2 mil toneladas (t) e para 2018/2019 está estimada em até 459,8 mil (t), queda de 6%.

“O feijão também vem apresentando redução de produção e de preços. Nos últimos anos há um enfraquecimento no consumo do feijão, que não está sendo suficiente para aumentar os preços, porque a demanda caiu. Por conta disso, está havendo uma substituição de áreas do feijão por culturas mais rentáveis, como soja e milho. Até porque a produção de feijão é mais sensível a mudanças climáticas e há dificuldade de armazenagem, porque os grãos semeados escurecem muito rápido após um período de armazenagem, o que faz ele perder valor de mercado”.

O consumo nacional de feijão retraiu de 3,3 milhões (t) para 3,2 milhões (t) nos últimos 2 anos.